quarta-feira, 8 de julho de 2015


Casa de 1912 – Rua do Carmo, 107

Muitas pessoas me questionam o por que de não haver casas no centro velho de São Paulo. Respondo que embora sejam difíceis de encontrar, existem sim casas médias e casarões na região central da cidade, onde já está quase tudo tomado por grandes edifícios. Uma local da Sé que podemos ver algumas casas é a rua do Carmo.
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Construída em 1912 e localizada no número 107 desta rua, a casa está um pouco modificada mas ainda assim chama bastante atenção, com elementos originais preservados.
Como grande parte deste tipo de imóvel da região central, este aqui está sobrevivendo como um cortiço ou moradia popular. É um destino que na maioria das vezes não resulta em uma boa perspectiva para a preservação do imóvel. É evidente que aqui não é uma página voltada a comunidades ou a moradia, temos o ponto de vista da preservação do patrimônio em primeiro lugar.
O ano da construção na fachada (clique para ampliar)
O ano da construção na fachada (clique para ampliar)
Há uma grande hipocrisia de alguns urbanistas, que ao mesmo tempo que querem preservar os bens tombados, incentivam o uso destes bens para moradia popular. Isto é um grande erro, que mantém muitas das construções históricas particulares em péssimo estado de conservação.
Acho válida a moradia popular na região central, mas não em bens de valor histórico como este. Quem irá arcar no futuro com os custos de preservação de uma fachada original, do frontão, madeiramento da residência e telhados ? O custo disso é altíssimo, sendo oneroso até para proprietários com boas condições financeiras.
Frontão com a inscrição JB (clique na foto para ampliar)
Frontão com a inscrição JB (clique na foto para ampliar)
A própria restauração da Vila Itororó foi adiada por anos, em virtude das moradias que lá existiam. Modificaram imóveis, criaram anexos (ou puxadinhos), deixaram vitrais e colunas deteriorarem a um ponto em que o restauro ficou ainda mais caro ao governo municipal e seus parceiros (além de nós, contribuintes).
E, sejamos frios e honestos, será que algum proprietário terá interesse em restaurar uma residência como esta para destinar a moradia popular ? Acho que em grande parte dos casos a resposta será negativa.
Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga
Voltando a falar desta casa, ela é vizinha do esqueleto da rua do Carmo, uma ruína horrorosa de um edifício inacabado que está por ali há algumas décadas. É difícil dizer o porque do abandono do prédio, mas já escutei de tudo: desde falência do proprietário, até interdição por medida de segurança devido as obras do metrô na década de 70.
Na fachada da residência há duas figuras de crianças que seguram um brasão simples com as iniciais JB, possivelmente dos primeiros proprietários em 1912. Pesquisando sobre o imóvel só encontramos nomes de moradores e/ou proprietários mais recentes, em 1961. São os nomes de Josephina Marins e Luiz Antonio Sonvezzo.
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Na fachada da residência, todos os detalhes originais estão preservados, embora necessitem de alguma manutenção. O antigo porão habitável, foi transformado em um cômodo com saída para a rua, através de uma pequena porta aberta na lateral esquerda, diminuindo o gradil que foi parcialmente emparedado.
As alterações mais drásticas se deram no lado esquerdo, onde fica a entrada para o imóvel. O portão originai foi suprimido, dando lugar a uma porta estreita e outra comercial. Sobre elas foi feito um típico “puxadinho”que garantiu mais alguns cômodos ao local.
A rua do Carmo tem grande potencial de revitalização e de turismo, com muitos imóveis antigos – quase todos já citados aqui no São Paulo Antiga – e a famosa igreja Nossa Senhora da Boa Morte. Falta vontade do poder público, interesse de empresários e proprietários e, principalmente: menos demagogia para as políticas públicas de moradia no centro.
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