sexta-feira, 10 de julho de 2015


Crônica do mistério, crônica de uma investigação

Levávamos quase um ano de silenciosa investigação no mosteiro, recolhendo informações, testemunhos, dados e coligindo provas ou vestígios do paranormal. Junto ao investigador Luis Mariano Fernánez – trazido “ex professo” de Málaga para a investigação –, encontravam-se os pesquisadores locais Jordi Fernández e José Manuel García Bautista, que eram esperados no edifício por duas testemunhas dotadas de certa sensibilidade, que tratariam de lançar maiores luzes sobre o mistério do lugar. Anoitecia, e uma inquietante bruma começou a apoderar-se da velha charneca; e, das brumas, sobressaía a sombria silhueta do maldito edifício “O Mosteiro dos Frades”. No seu interior, os pesquisadores haviam passado boa parte do dia realizando todo tipo de provas, medições, experiências; entretanto, os fatos de maior importãncia ocorreriam justamente ao cair do Sol, com a vinda dessa eterna aliada que parece ser a noite.

Jordi Fernández se encontrava junto a Luis Mariano Fernández explicando-lhe todas as argumentações lendárias acerca do lugar e as práticas satânicas realizadas em seu interior. Acompanhava-os Maria José F. e Carnem R. Foi o pesquisador sevilhano José Manuel Garcia Bautista quem decidiu aventurar-se no segundo pavimento, após galgar uma escada já não mais existente, para tentar captar as esfera luminosas que haviam sido vistas por testemunhas nos dias anteriores. Um andar onde também se desenham penosas sombras humanas que parecem por ali vagar, ou formas amorfas e semi-humanas que se perdem onde, outrora, localizava-se o altar. Um buraco no chão adverte para o perigo do terreno quebradiço em que se pisa.


As testemunhas nos relatavam o seguinte:

“Em Carmona, todo mundo sabe o que acontece aqui. Poucos são os que falam, mas muitos os que vêm, e, após viverem todo tipo de experiências, optam por jamais voltar. Não sabemos se a lenda ainda vige ou não neste lugar, mas o certo é que aqui não é raro encontrarmos grupos de pessoas que vêm fazer ritos satânicos e invocar o Diabo...” E prosseguem: “Aqui acontece de tudo. Uma equipe de televisão saiu correndo um dia porque algo aconteceu a ela. Habitualmente, bolas de luz são vistas, assim como vultos nas alas secundárias. Além disso, o lugar está carregado de negatividade, de maldade; aqui habita algo maligno, aqui vive o próprio Mal e, se ele se manifesta, podemos passar muito mal... Há anos, séculos, contornou-se o lugar de sal para aprisionar ou afugentar o Mal que aqui habita, mas creio que ele ainda está aqui, nem mesmo os párocos quiseram saber deste lugar”. Carmen R. fazia um cometário que, em última análise, deveria ser quase profética: "Hoje não deveríamos ter vindo, o que está qui hoje não nos quer... nós incomodamos... Nós temos que ir ou algo de ruim pode acontecer."
Enquanto percorríamos cada uma das estâncias do lugar, Luis Mariano Fernández e o resto do grupo tiveram uma especial e desagradável sensação ao entrar no último cômodo da última ala do edifício. O pesquisador malaguenho assim narrava: “Era como se algo me tivesse provocado um mal-estar, ao entrar ali. Eu tinha uma sensação de estar sendo vigiado, de não estar só. Come se diz agora: era uma fria estar ali dentro”. E assim o grupo desceu à desconjuntada cave, à cripta do edifício, a uma cripta na qual, conduzidos por Jordi Ferández, descobrimos um fato quase macabro... No chão, restos de animais mortos quase mumificados... Ovelhas, um cordeiro e galinhas. Ao seu redor, algumas garrafas de rum e um recipiente que, no sentir de Luis Mariano Fernández, recordava as páticas de rituais afro-caribenhos, o que se confirmou após consultas a peritos no assunto. Animais a princípio usados para fins rituais no interior de um edifício outrora consagrado e hoje rendido ao Diabo. Depois de deixarmos a cripta, uma série de fatos inquetantes começou a se manifestar. Jordi Fernandes, acompanhado por María José e Carmen R., pôde observar, no compatimento do final da ala, um resplendor, algo que lhes chamou a atenção. Mas quando todo corpo da equipe ali si encontrou, o fenômeno já havia passado. De volta à nave principal do edifício, começa uma rodada de entrevistas para o programa dirigido em Málaga por Luis Mariano Fernandez, “Meus Enigmas Favoritos”. Luis vai entrevistando um a um dos presentes, registrando todos estes testemunhos em seu “minidisc”. Frente a ele, José Manuel García Bautista filma todas as entrevistas, assim como diferentes tomadas do edifício. Chegados ao centro das tomadas, começaram-se a escutar uns sons estranhos, provenientes do final da galeria, um excêntrico arrastar de pés que se movem letentamente de um lado para o outro, e cujo inequívoco ressoar não passa despercebido aos presentes. O som é extremamente insitente, a temperatura naqule lugar e no altar é recolhida por aparelhos de medição: -15º C!!!, o que é impossível, a menos que o paranormal esteja se manifestando, e José Manuel García Bautista decide abandonar os trabalhos de gravação, deixando-os a cargo de Ana M. – outra participante nessa noite de investigação – para ir pesquisar a procedência do som que parecia haver descido do pavimento superior e estar movendo-se nas proximidades do grupo; algo cuja aparência era invisível para todos. Ao chegar ao lugar, somente uma extrema queda de temperarura se insinua, fato que não inqueta o servilhano; todavia, ao girar a sua cabeça, algo o deixa petrificado, o mistério diante de si, o inólito se manifesta frente a ele; a uns escassos vinte metros pôde ver uma sombria personagem, uma silhueta luminosa que começa a deambular por toda segunda ala em direção ao final da galeria...José Mauel Garcia dá a voz de alerta e enceta uma carreira tão frenética quanto pavorosa atrás daquela silhueta luminosa. Atrás dele, somente podem segui-lo, a dura penas, os investigadores Luis Mariano Fernández e Jordi Fernández... o acidentado e perigoso terreno faz com que sigam com maior precaução, embora o servilhando pareça dotado de uma velocidade insólita...Ao chegar, algo acontece. Quando entra na sala, algo repele o pesquisador, que tomba inerte vários metros atrás, mas em segundos se recupera e trata de ganhar a entrada do cômodo, ficando quase ajoelhado. Assim narrava o sucedido: “Foi algo muito estranho. Durante toda a entrevista, Ana e eu tínhamos a sensação de passos atrás de nós. Já alertado, decido ir ver o que acontecia. De início nada, mas, ao olhar para cá, vi uma espécie de silhueta luminosa andar até esta sala. Isso significava que ela estava alerta e começou a correr até aqui; ao chegar, ao dobrar a esquina para entrar, deparei-me com um ser alto, luminoso mas sem fulgor, que me olhava com umas aberturas ou olhos negros... ao me aproximar, mais como resultado da inércia da velocidade que da vontade, algo me repeliu, me empurrou para trás, os ramos me frearam, mas era como se alguma coisa me houvesse repelido à aproximação Ao recobrar-me e tentar ganhar aquele espaço, aquele ser já havia desaparecido. Foi tremendo! Atrás dele, Luis Mariano Fernández afrimava: “Houve um momento em que eu o vi voar pelo ar vários metros para trás. Aquilo era sobre-humano desde logo... era como se algo lhe tivesse empurrado e elevado vários metros. Foi muito forte.” Jordi Fernandes e as garotas não tinham como explicar a vertiginosa carreira numa zona onde é impossível avançar a tal velocidade, a par do perigo da escuridão: “Creio que, se alguém caísse, morreria”, afrimava o investigador. De volta, continua a rodada de entrevistas; é justamente durante ele que José Manel García perde a consciência e cai sobre o terreno, ficando inerte no chão. O grupo teme o pior... Produto da frenética corrida ou uma nova vítima do mistério por trás do enigmático fenômeno de repulsão física vivida minutos antes? Seja como for, ele jazia ali, enquanto o grupo tratava de reanimá-lo. Recobrada a consciência, após momentos muito tensos, Carmen R. pregunta ao grupo se não é hora de debandarem. Algo foi notato, algo foi pressentido. Alguma inquestionável sensação volta a alertar os integrantes daquela investigação: “Ou vamo-nos embora agora, ou algo muito ruim vai acontecer”. Depois do acontecido, todos se dispõem a recolher os equipamentos, mas algo, talvez esse Maligno, não queria que sua advertência caísse no esquecimento e que servisse para ocasiões futuras. Luis Mariano Ferández sofre um sério contratempo: ao andar, algo aravessa seu grosso calçado, fincando-se na carne de seu pé; em seguida, sente algo quente, e todos temem pelo pior. Um vidro perfurante, malignamente situado – quase que ai colocado maliciosamente –, atravessou a bota do malaguenho... como uma profecia, a noite não deixa de antepor contínuos incidentes e o ambulatório municipal de Carmona registra o ingresso de Luis Mariano Fernádez. Aquele vidro apenas rasgou a pele do malaguenho, mas ainda assim ele requer atenção médica, como demonstra o registro da emergência. E, curiosamente, a história do mosteiro maldito não passa despecerbida aos presentes no serviço médico, e um dos Auxiliares Técnicos Sanitários que atendem o paciente, ao sairmos, nos fala: “O amigo de vocês teve muita sorte. Um pouco mais e não somente o pé seria destroçado: teria sido fatal. Quase quase milagroso. Não sei como vocês puderam meter-se naquele local. É um lugar maldito, onde ocorrem muitas coisas estranhas; aquele solo está amaldiçoado de verdade. Não voltem lá.” Malgrado o conselho, o malaguenho ainda queria voltar para prosseguir na noite de pesquisas, mas a prudência recomendava repouso: conosco, ele havía sido partícipe e testemunha do impossível, da esseência mesma do mistério em uma noite de investigação que perdurará durante muito tempo em sua retina.


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